sábado, 17 de setembro de 2011
Procrastinar - você sabe o que é?
Procrastinar é adiar uma tarefa ou compromisso importante (É deixar tudo para amanhã). Acontece com todo mundo, mas para algumas pessoas é tão frequente que se tornou um hábito.
São diversas as razões que levam as pessoas a procrastinarem, as mais comuns são: preguiça, insegurança (acreditar não ser capaz de fazer o que deve ser feito) e não saber aproveitar o tempo.
Embora sejam várias as razões, as justificativas são sempre as mesmas: não tenho tempo! Como posso fazer o que é necessário com tanta gente me pedindo um monte de coisas a toda hora?
As frases mais comuns que se ouve são: “Amanhã eu faço”, ou “assim que tiver um tempinho eu termino”, ou “ainda faltam algumas coisas para que eu possa iniciar esse trabalho”.
Procrastinar - você sabe o que é?
As pessoas que adquiriram o hábito de procrastinar são vitimas dele. Sofrem e ficam atormentadas com as tarefas e compromissos cujos prazos estão terminando e que acreditam não serem capazes de cumprir.
Para pessoas assim, só há uma saída: acreditar que a melhor forma de se livrar desse hábito é gerenciando melhor o tempo.
O primeiro passo para vencer a imobilidade temporal ou procrastinação é ter a clara noção de que os eventos estão todos interligados e que quando prorrogamos alguma coisa, estamos utilizando esse tempo com outras coisas. Conclusão: só é viável prorrogar uma tarefa, quando iremos utilizar o tempo para a execução de outra mais importante.
Parece fácil, mas somente com determinação e disciplina, o habito de procrastinar será eliminado.
Entenda por que você deixa tudo para a última hora
A coisa é tão ruim que até o nome é feio: procrastinação.
O impulso da procrastinação leva você a fazer qualquer coisa, mesmo sem graça, em vez daquilo que é mesmo necessário. Ou você nunca se pegou deletando o lixo do e-mail na hora em que deveria estar enviando um relatório?
PARECE, MAS NÃO É: Igrejas que usam nomes de forma indevida e ilegal
Um fenômeno decorrente do crescimento do segmento evangélico está chamando a atenção de algumas das mais tradicionais denominações do país. É a clonagem de nomes de igrejas, utilização indevida de marcas tradicionais no meio protestante por instituições sem qualquer ligação com as grandes convenções, cujos nomes utilizam numa tentativa de atrair fiéis e de tirar uma casquinha na credibilidade alheia. Em meio a um crescimento com ares desordenados – só em São Paulo, a cada ano são criadas cerca de 220 novas igrejas evangélicas, algumas das quais não passam de salinhas alugadas nas periferias –, parece cada vez mais difícil normatizar o setor. E o pior é que, além de gente bem intencionada que quer apenas anunciar o Evangelho da salvação, aventureiros pegam carona na tradição de grandes organizações religiosas, prejudicando sua imagem perante o público. No meio das mais de 300 mil igrejas evangélicas que funcionam no Brasil, muitas parecem uma coisa e são outra.
Denominações como a Batista, a Assembleia de Deus e a Presbiteriana são as maiores vítimas da clonagem eclesiástica. Organizadas em convenções nacionais, essas três gigantes, que juntas reúnem milhões de fiéis, estão capilarizadas por todo o território nacional, com uma trajetória cuja origem remonta à segunda metade do século 19 e início dos anos 1900. Mas a placa na entrada não é garantia de legitimidade. Muitas comunidades autônomas, sem qualquer ligação administrativa ou doutrinária com as denominações cujos nomes utilizam, funcionam livremente. Na zona norte do Rio de Janeiro, por exemplo, é possível encontrar a Assembleia de Deus Ministério Renovo e a Igreja Batista Templo de Milagres, que apesar dos nomes não são subordinadas às entidades cujas nomenclaturas adotam.
A clonagem eclesiástica preocupa líderes evangélicos. “Nós estamos acompanhando isso com muita perplexidade, porque essas igrejas estão nos causando grande prejuízo”, diz o pastor José Wellington Bezerra da Costa, presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus do Brasil (CGADB). Reeleito no mês de abril para mais um mandato à frente da maior denominação evangélica nacional, Wellington diz que a Assembleia de Deus é uma das mais afetadas pelo problema, pois acaba tendo seu nome respingado por qualquer atitude errada de religiosos free-lancers. “Muitas vezes, os pastores dessas igrejas não têm boa formação eclesiástica, espiritual, moral e até cultural para o exercício do ministério. Por isso, causam desordem doutrinária em seus púlpitos”, observa. Um dos principais prejuízos acontece na área financeira. Segundo Wellington, eventuais desmandos ou calotes perpetrados por dirigentes de congregações clonadas sujam o nome da denominação. “Quando precisamos fazer alguma transação ou giro bancário, temos de provar por A mais B que não somos esse tipo de gente”, reclama. O presidente diz que está nos planos da denominação fortalecer seu Corpo Jurídico para acionar a Justiça em alguns casos. “Claro que primeiro tentaremos a via diplomática, solicitando a troca do nome”, adianta.
Fragilização – Para José Carlos da Silva, presidente da Convenção Batista Nacional (CBN) e pastor da Primeira Igreja Batista de Brasília, o que está em jogo é a soberania das denominações. “O uso indevido do nome ‘batista’ por igrejas desvinculadas das entidades que nos representam causa muitos problemas”, aponta. Os crentes batistas brasileiros estão ligados a dois grandes grupos: a CBN, reunindo as igrejas de orientação pentecostal, que surgiu na década de 1960, e a centenária Convenção Batista Brasileira (CBB), de linha tradicional, cada uma delas com mais de um milhão de fiéis. Há ainda entidades menores, como a Igreja Batista Regular e a Igreja Batista Independente. Em comum, explica Silva, todas essas organizações seguem estatutos denominacionais e administrativos, com representatividade através das assembleias gerais, que normatizam o processo de eleição dos líderes. “Ou seja, há prestação de contas.”
No entender do pastor, o processo de abertura indiscriminada de congregações reflete o processo de fragilização da Igreja Evangélica brasileira, “multifacetada e carente de orientação”. Basta uma passeada pelas maiores cidades brasileiras, e até mesmo no interior, para constatar que o mercado da expansão evangélica está a todo vapor. A cada dia, novas comunidades abrem suas portas – e os nomes, por vezes, são curiosos e até esdrúxulos, como Igreja Bailarinas da Valsa Divina ou Assembleia de Deus da Fonte Santa (ver abaixo). Para José Carlos da Silva, tanta originalidade, digamos assim, é uma característica cultural do povo brasileiro. “Normalmente, essas nomenclaturas são escolhidas a partir de experiências místicas, atribuídas a revelações ou sonhos. Expressam tanto ignorância como mau gosto, mas o amor tudo suporta”, resigna-se o presidente da CBN.
Roberto Brasileiro, pastor-presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil, também expressa preocupação com essa pulverização e pelo uso indevido do nome de sua denominação por grupos desconhecidos. “Esse fenômeno causa prejuízos para o Evangelho em geral, e traz descrédito e críticas para as igrejas. Mas nós não temos responsabilidade sobre isso”, comenta. O problema é que nomes como os usados pelas grandes denominações já são de domínio público – ou seja, quem os utiliza não comete nenhuma irregularidade do ponto de vista legal. É o que explica o advogado e mestre em direito Gilberto Garcia, especialista na legislação ligada ao funcionamento das instituições religiosas. Ele lançou o livro O Novo Código Civil e as Igrejas em 2003, época em que a mudança na lei causou alvoroço entre os pastores. Ele diz que um título como “metodista” pode ser utilizados por qualquer igreja, já que no Brasil é muito fácil abrir uma instituição religiosa. “Nomes como Assembleia de Deus, Igreja Batista ou Igreja Presbiteriana são exemplos de ‘nomes genéricos’, chamados assim por não terem sido registrados em órgãos oficiais na época oportuna.”
Segundo Garcia, depois de devidamente regulamentadas, as igrejas têm direito de personalidade sobre o seu nome, uma novidade implantada pelo novo Código Civil. “Tal direito antes só era reservado aos cidadãos”, acrescenta. “Daí ser praticamente inviável a adoção de providência legal para impedir que alguém adote essas nomenclaturas”. A proteção é assegurada, ressalva o advogado, apenas ao nome específico de uma igreja local, como Primeira Igreja Batista em São Paulo ou Igreja Presbiteriana Central de Brasília, por exemplo.“Cada igreja legalizada tem propriedade sobre seu nome específico, que é protegido contra plágios.”
“Mão torta” – Ainda segundo Gilberto Garcia, o Judiciário não pode fazer muito para frear esse processo. “No prisma legal, a denominação que uma igreja escolhe não traz qualquer embaraço, e o Cartório do Registro Civil das Pessoas Jurídicas não pode, a princípio, impedir o registro do Estatuto Associativo em função da nomenclatura”, explica. A Justiça só pode intervir, e assim mesmo se for provocada, quando o nome ferir o bom senso, os bons costumes e a percepção da sua atuação como instituição espiritual. Ou seja, a questão está sujeita a uma avaliação para lá de subjetiva.
“As igrejas aparecem, se multiplicam e ficam cheias porque oferecem uma mensagem simbólica que atende às demandas das pessoas”, opina o pastor e teólogo Lourenço Stélio Rega, diretor da Faculdade Teológica Batista de São Paulo. Referência evangélica na área da ética cristã – é autor de Dando um jeito no jeitinho: Como ser ético sem deixar de ser brasileiro, lançado em 2000 pela Editora Mundo Cristão –, ele frisa que o crescimento de movimentos evangélicos não o incomoda. “A Bíblia diz que a porta do Reino dos Céus é estreita. A mensagem pura do Evangelho encontra-se na Palavra de Deus.” Para Rega, a maneira certa de diminuir o apelo de igrejas de fachada é o Corpo de Cristo cumprir sua missão com mais seriedade e dar mais ênfase no testemunho pessoal do crente. “Temos que pregar a mensagem pura e simples do Evangelho e ter, como Igreja do Senhor, influência positiva no ambiente em que estivermos implantados”, conclui o teólogo.
Na mesma linha vai o doutor em sociologia Ricardo Mariano. Autor de Neopentecostais – Sociologia do neopentecostalismo, ele é um dos maiores especialistas brasileiros no fenômeno evangélico e acredita que as igrejas-clone são muito pequenas para prejudicar seriamente denominações de grande porte. “Isso não vai atrapalhar um movimento religioso ascendente, que já envolve mais de 40 milhões de brasileiros”, acredita. José Wellington aposta na semeadura do Evangelho: “Ainda que muitas vezes pregada por pessoas despreparadas, os brasileiros estão sendo apresentados à Palavra de Deus. O agente pode ter mão torta, mas se a semente cair, ela vai brotar. Na hora de passar a peneira, Deus passa.”
Entre o público e o privado
O advogado Gilberto Garcia, especializado em direito civil e na legislação que rege as entidades religiosas, respondeu a algumas perguntas de CRISTIANISMO HOJE sobre o processo de abertura de igrejas:
CRISTIANISMO HOJE – O que é preciso para se abrir uma igreja no Brasil?
GILBERTO GARCIA – A organização religiosa é uma entidade associativa, uma pessoa jurídica de direito privado. Para funcionar, ela precisa averbar seu Estatuto Associativo no Cartório do Registro Civil de Pessoas Jurídicas. Em seguida, os responsáveis devem providenciar o registro na Receita Federal, obtendo assim o Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ). É preciso, ainda, obter o certificado de vistoria do Corpo de Bombeiros para o templo, e em alguns casos, alvará, fornecido pela prefeitura local.
Existe algum tipo de controle ou exigência sobre quem será o titular da nova igreja?
Compete exclusivamente à igreja local, convenção, denominação ou grupo religioso estabelecer os critérios para que uma pessoa se torne um pastor – ou evangelista, presbítero, diácono, bispo, apóstolo... Não há qualquer controle público sobre isso, em função da liberdade religiosa consagrada pela Constituição Federal. Entretanto, se o dirigente vai assumir a presidência de uma organização religiosa – seja qual for sua confissão de fé – juntamente com a posição de líder religioso, ele precisa, de acordo com o Código Civil, ser civilmente capaz, e ainda, não ter qualquer pendência fiscal com a Receita. Também precisa comprovar que não foi condenada em processo criminal, através de certidões oficiais.
As entidades denominacionais não podem exercer um controle efetivo sobre a abertura de novas igrejas, sobretudo aquelas que utilizarão indevidamente nomenclaturas já consagradas?
As denominações históricas não têm qualquer controle sobre a abertura de igrejas com seus nomes, poisnomenclaturas como Assembleia de Deus, Batista ou Presbiteriana são consideradas de domínio público, não havendo qualquer ilegalidade em sua utilização de modo genérico. O que não se pode é utilizar o nome de uma igreja local que tenha sido registrada, por exemplo, como Assembléia de Deus em Goiás ou Igreja Batista em São Paulo. No caso das igrejas locais, seus membros podem adotar medidas legais cabíveis para impedir, inclusive judicialmente, a utilização do nome especifico, sob as penas da lei.
Para todos os gostos
O que um visitante desavisado diria ao ser convidado para assistir a um culto na Igreja Bailarinas da Valsa Divina? Ou que impacto pode ter sobre a vida de um crente carnal o ministério da Igreja Evangélica Pentecostal Jesus Vem, Se não Vigiar Você Fica Fora? Igrejas com nomes curiosos ou bizarros são cada vez mais comuns no Brasil. A jornalista Luciana Mazzarelli, de São Paulo, está preparando um livro sobre o assunto. Ela se diz surpresa com a criatividade dos pastores. “Em alguns casos, eles conseguem unir no mesmo nome palavras antagônicas, como Igreja Evangélica Muçulmana Javé É Pai”, diverte-se. No entanto, o objetivo de sua pesquisa – feita na maioria das vezes in loco, palmilhando ruas de periferias e bairros populares – não é ridicularizar ninguém, e sim, mostrar a diversidade de interpretações bíblicas e liturgias: “O fenômeno tem um lado positivo, pois assim o propósito de levar o Evangelho a todos os lugares está sendo cumprido”, explica Luciana. “Hoje em dia ninguém deixa de ir à igreja por falta de opção. Temos igrejas para cada tribo: surfistas, motociclistas, artistas... enfim, é igreja para todos os gostos”. Conheça algumas dessas congregações cuja originalidade já começa pelo nome:
. Assembleia de Deus do Azeite Quente
. Igreja da Bênção Mundial Fogo de Poder
. Igreja Batista Templo de Milagres
. Igreja Chave do Éden
. Igreja do Amor Maior que Outra Força
. Cruzada Evangélica do Ministério de Jeová, Deus do Fogo
. Igreja Bailarinas da Valsa Divina
. Igreja das Sete Trombetas do Apocalipse
. Igreja de Deus da Profecia (no Brasil e América do Sul)
. Igreja Cenáculo de Oração Jesus Está Voltando
. Igreja Pentecostal Subimos com Jesus
. Igreja Evangélica Pentecostal Jesus Vem,
. Se Não Vigiar Você Fica Fora (IEPJVSNVVFF)
. Igreja Evangélica Arca de Noé
. Rancho dos Profetas
. Igreja Asas de Águia – Visão Além do Alcance
. Igreja Evangélica Pentecostal Quero Te Ver na Glória
. Igreja do Cavaleiro do Cavalo Branco do Apocalipse 6.2
. Igreja da Ressurreição dos Mortos
Gente carente conversa até com serpente!
Adaptei a frase que ouvi outro dia que assim dizia: “mulher carente conversa até com serpente”. Apesar de saber que nós mulheres somos seres que gostam de verbalizar sem economias os pensamentos e sentimentos...não compartilho do reducionismo da frase tanto na vida dita real, como na vida virtual.
Dizem as estatísticas que sobram mulheres e faltam homens no país, o que vejo sobrando de fato é a tal da carência em ambas as partes.
Há um afã por carinho, atenção, compreensão. Vejo pessoas com seus “peguetes”, vejo outras com suas idiossincracias e que tomam a solidão por companhia, vejo casados, noivos, namorados, enfim, vejo gente se relacionando com gente e ainda assim se sentindo carente.
Há a solidão solitária, pleonasticamente falando e há a solidão à dois, pertubadoramente se constatando.
Solidão que gera carência e pelo que vejo no início de todas as coisas, lá no Éden, pode ter levado Eva a bater papo com uma serpente, a ser seduzida por uma proposta aparentemente melhor do que o seu companheiro Adão lhe havia feito.
Fico me perguntando: será que Adão estava muito ocupado trabalhando? Seria ele o primeiro workaholic da história? A culpa é de Eva? A culpa é de Adão? A culpa é da serpente? A culpa é da carência? A culpa é de Deus?
A tendência humana é culpar alguém, até mesmo Deus, mas divagações à parte, o fato é que a solidão pode ser perigosa. Como diz Lya Luft:
“A solidão é um campo muito vasto para ser atravessado a sós”
Creio que nosso Pai Celestial não optou em criar Eva para Adão apenas em prol da criação. Sabemos que biologicamente há meios de reprodução assexuada, essa poderia ter sido uma das opções de Deus, mas não foi! Fomos criados de forma perfeita, com hormônios, sensibilidades, instintos, fomos também planejados para dar e sentir prazer na companhia de outro alguém que como Adão exclamou seria “ossos de seus ossos e carne de sua carne”.
Mas o fato é que está cada vez mais difícil encontrar pessoas para partilhar a vida, a intimidade. Aprendi à duras penas e hoje sempre digo e repito aos amigos: “afinidade podemos ter com muitos, intimidade é para poucos”.
E é aí que muitos se atropelam e tropeçam, no desejo por um relacionamento, por uma intimidade, por uma companhia, acabam dialogando e desnudando-se diante de pessoas que muito lembram a serpente do Éden.
E o que tal conversa pode render é por vezes extremamente ilusório e danoso. Li recentemente que 25% dos divórcios nos EUA se devem ao Facebook (não me pergunte se a estatística está correta), só estou usando a mesma como pano de fundo para ilustrar o fato de que pessoas carentes se conectam a pessoas carentes que podem vir a ser também pessoas-serpentes que te convencerão a ter os “olhos abertos e ter vidas como de deuses” (Genêsis 3.5) e que a vida tem mais coisas, mais possibilidades, longe do cônjuge para aqueles que são casados, longe do noivo, do namorado, há um mundo de aventuras, por que não tentar? Por que não se jogar?
E nisso, muitos se ferem, enveredam por caminhos de não-VIDA e acabam descobrindo que os olhos se abriram para algo que pode lhes trazer uma miscelânea de sentimentos mas que NÃO terá embutido em seu pacote paz e felicidade.
Sei que dia 12 de junho, dia dos namorados, se aproxima e muitos ligam o botão carência no modo turbo e acabam atirando para todos os lados. Acho que já disse isso por aqui: quem atira para todos os lados acaba atirando em si mesmo. Dilui-se tentando agradar a alguém que nem sabese quer, mas que acha que precisa para suprir a carência.
Vejo a carência como um buraco sem fim e buracos sem fim não tapamos. Simplesmente desviamos deles quando os encontramos. O fato é que cedo ou tarde. Muito ou pouco. Sozinhos ou acompanhados nos sentiremos carentes. O que percebo é que é necessário saber lidar com algo que não é novo, mas é comum ao fato de SER humano.
Quando aquele frio no coração bater, quando aquela vontade de viver aquela cena de comédia romântica chegar, quando a imaginação voar pensando em uma festa rodeada de amigos especiais a te alegrar, enfim...quando essas horas chegarem.
Respire fundo. Assuma-se carente. Proteja-se.
Por favor meninos e meninas: não liguem para aquele (a) ex que ainda é apaixonado por você. Não vá vasculhar as redes sociais dele (a) e muito menos vá caçar alguém.
Neste momento você pode estar pensando: “peraí” Roberta, quem procura acha. Concordo. Quem procura SEMPRE acha, mas acredito que a probabilidade de encontrar encrenca, confusão e até mesmo “serpentes falantes” nessas horas é maior.
Protejam-se queridos. Fácil não é.
Há horas em que é preciso desligar o telefone, desconectar-se da internet, evitar certos lugares.
Uma oração que recorrentemente faço por mim mesma é muito simples e diz assim: “Senhor, livra-me de mim mesma”. Muitas vezes somos nossos piores algozes. Por isso friso tanto a questão do auto-conhecimento (que por vezes parece mais autoestranhamento). É preciso saber quando levantar os muros de proteção. Carência dá dor de cabeça, escraviza, oprime, tiraniza e cega para aquilo que realmente pode ser bom e pode estar te esperando na próxima esquina. A esquina que cruza com o descanso, com o bem estar consigo mesmo, com a alegria de se saber boa companhia para si próprio.
Enfim...Não estou aqui para dar receitas prontas, pois como disse uma das minhas escritoras preferidas: “não me deem fórmulas prontas, pois não espero acertar sempre.” É só um pequeno alerta, numa semana em que talvez mais pessoas se tornem suscetíveis à carência diante de tantas propagandas e vitrines coloridas. Relaxem queridos e queridas. Como diz uma piada recorrente nas mídias sociais:
“Por que tenho que passar o dia do namorado (a) com um namorado (a)? Eu não passo o dia do índio com um índio e nem o dia da árvore com uma árvore.”
A pressão sempre vai existir para que tenhamos alguém para chamarmos de “nosso”. E quando o “nosso” vier a existir, haverá a pressão para ter filhos com o “nosso” e por aí vai...
Não fique refém da opinião alheia, não fique refém da sua carência.
Termino com uma frase que é quase mantra para mim (depois de usar a expressão mantra, talvez queiram me apedrejar, é só licença gospel poética pessoal...rs). Mas vamos ao meu mantra, ops, frase que assim diz:
“Não procure por ninguém, não se deixe escravizar pela carência e você será achado por aquilo que é bom” [Caio Fábio]
Descansem e aquietem-se, sabendo que o Senhor é aquele que cuida de cada detalhe de nossas vidas e se tão bem trata as aves do céu e os lírios do campo, quão melhor de nós cuidará, se valemos tão mais do que as aves?
Em Amor,
Roberta Lima (Via Meninas do Reino) / Li no Hermes Fernandes
Dizem as estatísticas que sobram mulheres e faltam homens no país, o que vejo sobrando de fato é a tal da carência em ambas as partes.
Há um afã por carinho, atenção, compreensão. Vejo pessoas com seus “peguetes”, vejo outras com suas idiossincracias e que tomam a solidão por companhia, vejo casados, noivos, namorados, enfim, vejo gente se relacionando com gente e ainda assim se sentindo carente.
Há a solidão solitária, pleonasticamente falando e há a solidão à dois, pertubadoramente se constatando.
Solidão que gera carência e pelo que vejo no início de todas as coisas, lá no Éden, pode ter levado Eva a bater papo com uma serpente, a ser seduzida por uma proposta aparentemente melhor do que o seu companheiro Adão lhe havia feito.
Fico me perguntando: será que Adão estava muito ocupado trabalhando? Seria ele o primeiro workaholic da história? A culpa é de Eva? A culpa é de Adão? A culpa é da serpente? A culpa é da carência? A culpa é de Deus?
A tendência humana é culpar alguém, até mesmo Deus, mas divagações à parte, o fato é que a solidão pode ser perigosa. Como diz Lya Luft:
“A solidão é um campo muito vasto para ser atravessado a sós”
Creio que nosso Pai Celestial não optou em criar Eva para Adão apenas em prol da criação. Sabemos que biologicamente há meios de reprodução assexuada, essa poderia ter sido uma das opções de Deus, mas não foi! Fomos criados de forma perfeita, com hormônios, sensibilidades, instintos, fomos também planejados para dar e sentir prazer na companhia de outro alguém que como Adão exclamou seria “ossos de seus ossos e carne de sua carne”.
Mas o fato é que está cada vez mais difícil encontrar pessoas para partilhar a vida, a intimidade. Aprendi à duras penas e hoje sempre digo e repito aos amigos: “afinidade podemos ter com muitos, intimidade é para poucos”.
E é aí que muitos se atropelam e tropeçam, no desejo por um relacionamento, por uma intimidade, por uma companhia, acabam dialogando e desnudando-se diante de pessoas que muito lembram a serpente do Éden.
E o que tal conversa pode render é por vezes extremamente ilusório e danoso. Li recentemente que 25% dos divórcios nos EUA se devem ao Facebook (não me pergunte se a estatística está correta), só estou usando a mesma como pano de fundo para ilustrar o fato de que pessoas carentes se conectam a pessoas carentes que podem vir a ser também pessoas-serpentes que te convencerão a ter os “olhos abertos e ter vidas como de deuses” (Genêsis 3.5) e que a vida tem mais coisas, mais possibilidades, longe do cônjuge para aqueles que são casados, longe do noivo, do namorado, há um mundo de aventuras, por que não tentar? Por que não se jogar?
E nisso, muitos se ferem, enveredam por caminhos de não-VIDA e acabam descobrindo que os olhos se abriram para algo que pode lhes trazer uma miscelânea de sentimentos mas que NÃO terá embutido em seu pacote paz e felicidade.
Sei que dia 12 de junho, dia dos namorados, se aproxima e muitos ligam o botão carência no modo turbo e acabam atirando para todos os lados. Acho que já disse isso por aqui: quem atira para todos os lados acaba atirando em si mesmo. Dilui-se tentando agradar a alguém que nem sabese quer, mas que acha que precisa para suprir a carência.
Vejo a carência como um buraco sem fim e buracos sem fim não tapamos. Simplesmente desviamos deles quando os encontramos. O fato é que cedo ou tarde. Muito ou pouco. Sozinhos ou acompanhados nos sentiremos carentes. O que percebo é que é necessário saber lidar com algo que não é novo, mas é comum ao fato de SER humano.
Quando aquele frio no coração bater, quando aquela vontade de viver aquela cena de comédia romântica chegar, quando a imaginação voar pensando em uma festa rodeada de amigos especiais a te alegrar, enfim...quando essas horas chegarem.
Respire fundo. Assuma-se carente. Proteja-se.
Por favor meninos e meninas: não liguem para aquele (a) ex que ainda é apaixonado por você. Não vá vasculhar as redes sociais dele (a) e muito menos vá caçar alguém.
Neste momento você pode estar pensando: “peraí” Roberta, quem procura acha. Concordo. Quem procura SEMPRE acha, mas acredito que a probabilidade de encontrar encrenca, confusão e até mesmo “serpentes falantes” nessas horas é maior.
Protejam-se queridos. Fácil não é.
Há horas em que é preciso desligar o telefone, desconectar-se da internet, evitar certos lugares.
Uma oração que recorrentemente faço por mim mesma é muito simples e diz assim: “Senhor, livra-me de mim mesma”. Muitas vezes somos nossos piores algozes. Por isso friso tanto a questão do auto-conhecimento (que por vezes parece mais autoestranhamento). É preciso saber quando levantar os muros de proteção. Carência dá dor de cabeça, escraviza, oprime, tiraniza e cega para aquilo que realmente pode ser bom e pode estar te esperando na próxima esquina. A esquina que cruza com o descanso, com o bem estar consigo mesmo, com a alegria de se saber boa companhia para si próprio.
Enfim...Não estou aqui para dar receitas prontas, pois como disse uma das minhas escritoras preferidas: “não me deem fórmulas prontas, pois não espero acertar sempre.” É só um pequeno alerta, numa semana em que talvez mais pessoas se tornem suscetíveis à carência diante de tantas propagandas e vitrines coloridas. Relaxem queridos e queridas. Como diz uma piada recorrente nas mídias sociais:
“Por que tenho que passar o dia do namorado (a) com um namorado (a)? Eu não passo o dia do índio com um índio e nem o dia da árvore com uma árvore.”
A pressão sempre vai existir para que tenhamos alguém para chamarmos de “nosso”. E quando o “nosso” vier a existir, haverá a pressão para ter filhos com o “nosso” e por aí vai...
Não fique refém da opinião alheia, não fique refém da sua carência.
Termino com uma frase que é quase mantra para mim (depois de usar a expressão mantra, talvez queiram me apedrejar, é só licença gospel poética pessoal...rs). Mas vamos ao meu mantra, ops, frase que assim diz:
“Não procure por ninguém, não se deixe escravizar pela carência e você será achado por aquilo que é bom” [Caio Fábio]
Descansem e aquietem-se, sabendo que o Senhor é aquele que cuida de cada detalhe de nossas vidas e se tão bem trata as aves do céu e os lírios do campo, quão melhor de nós cuidará, se valemos tão mais do que as aves?
Em Amor,
Roberta Lima (Via Meninas do Reino) / Li no Hermes Fernandes
Pr. Ricardo Gondim apoia a união civil gay: “Nem todas as relações homossexuais são promíscuas”
‘Deus nos livre de um Brasil evangélico?’ Quem afirma é um pastor, o cearense Ricardo Gondim. Segundo ele, o movimento neopentecostal se expande com um projeto de poder e imposição de valores, mas em seu crescimento estão as raízes da própria decadência.
Os evangélicos, diz Gondim, absorvem cada vez mais elementos do perfil religioso típico dos brasileiros, embora tendam a recrudescer em questões como o aborto e os direitos homossexuais.
Aos 57 anos, pastor há 34, Gondim é líder da Igreja Betesda e mestre em teologia pela Universidade Metodista. E tornou-se um dos mais populares críticos do mainstream evangélico, o que o transformou em alvo. “Sou o herege da vez”, diz na entrevista a seguir.
Carta Capital: Os evangélicos tiveram papel importante nas últimas eleições. O Brasil está se tornando um país mais influenciável pelo discurso desse movimento?
RG: Sim, mesmo porque, é notório o crescimento no número de evangélicos. Mas é importante fazer uma ponderação qualitativa. Quanto mais cresce, mais o movimento evangélico também se deixa influenciar. O rigor doutrinário e os valores típicos dos pequenos grupos de dispersam, e os evangélicos ficam mais próximos do perfil religioso típico do brasileiro.
CC: Como o senhor define esse perfil?
RG: Extremamente eclético e ecumênico. Pela primeira vez, temos evangélicos que pertencem também a comunidades católicas ou espíritas. Já se fala em um “evangelicalismo popular”, nos modelos do catolicismo popular, e em evangélicos não praticantes, o que não existia até pouco tempo atrás. O movimento cresce, mas perde força. E por isso tem de eleger alguns temas que lhe assegurem uma identidade. Nos Estados Unidos, a igreja se apega a três assuntos: aborto, homossexualidade e a influência islâmica no mundo. No Brasil, não é diferente. Existe um conservadorismo extremo nessas áreas, mas um relaxamento em outras. Há aberrações éticas enormes.
O senhor escreveu um artigo intitulado “Deus nos Livre de um Brasil Evangélico”. Por que um pastor evangélico afirma isso?
Porque esse projeto impõe não só a espiritualidade, mas toda a cultura, estética e cosmovisão do mundo evangélico, o que não é de nenhum modo desejável. Seria a talebanização do Brasil. Precisamos da diversidade cultural e religiosa. O movimento evangélico se expande com a proposta de ser a maioria, para poder cada vez mais definir o rumo das eleições e, quem sabe, escolher o presidente da República. Isso fica muito claro no projeto da igreja Universal. O objetivo de ter o pastor no Congresso, nas instâncias de poder, pode facilitara expansão da igreja. E, nesse sentido, o movimento é maquiavélico. Se é para salvar o Brasil da perdição, os fins justificam os meios.
O movimento americano é a grande inspiração para os evangélicos no Brasil?
O movimento brasileiro é filho direto do fundamentalismo norte-americano. Os Estados Unidos exportam seu american way of life de várias maneiras, e a igreja evangélica é uma das principais. As lideranças daqui Ieem basicamente os autores norte-americanos e neles buscam toda a sua espiritualidade, teologia e normatização comportamental. A igreja americana é pragmática, gerencial, o que é muito próprio daquela cultura. Funciona como uma agência prestadora de serviços religiosos. de cura, libertação, prosperidade financeira. Em um país como o Brasil, onde quase todos nascem católicos, a igreja evangélica precisa ser extremamente ágil, pragmática e oferecer resultados para se impor. É uma lógica individualista e antiética. Um ensino muito comum nas igrejas é de que Deus abre portas de emprego para os fiéis.
Eu ensino minha comunidade a se desvincular dessa linguagem. Nós nos revoltamos quando ouvimos que algum político abriu uma porta para o apadrinhado. Por que seria diferente com Deus?
O senhor afirma que a igreja evangélica brasileira está em decadência, mas o movimento continua a crescer.
Uma igreja que, para se sustentar, precisa de campanhas cada vez mais mirabolantes, um discurso cada vez mais histriônico e promessas cada vez mais absurdas está em decadência. Se para ter a sua adesão eu preciso apelar a valores cada vez mais primitivos e sensoriais e produzir o medo do mundo mágico, transcendental, então a minha mensagem está fragilizada.
Pode-se dizer o mesmo do movimento norte-americano?
Muitos dizem que sim, apesar dos números. Há um entusiasmo crescente dos mesmos, mas uma rejeição cada vez maior dos que estão de fora. Hoje, nos Estados Unidos, uma pessoa que não tenha sido criada no meio e que tenha um mínimo de senso crítico nunca vai se aproximar dessa igreja, associada ao Bush, à intolerância em todos os sentidos, ao Tea Party, à guerra.
O senhor é a favor da união civil entre homossexuais?
Sou a favor. O Brasil é uni país laico. Minhas convicções de fé não podem influenciar, tampouco atropelar o direito de outros. Temos de respeitar as necessidades e aspirações que surgem a partir de outra realidade social. A comunidade gay aspira por relacionamentos juridicamente estáveis. A nação tem de considerar essa demanda. E a igreja deve entender que nem todas as relações homossexuais são promíscuas. Tenho minhas posições contra a promiscuidade, que considero ruim para as relações humanas, mas isso não tem uma relação estreita com a homossexualidade ou heterossexualidade.
O senhor enfrenta muita oposição de seus pares?
Muita! Fui eleito o herege da vez. Entre outras coisas, porque advogo a tese de que a teologia de um Deus títere, controlador da história, não cabe mais. Pode ter cabido na era medieval, mas não hoje. O Deus em que creio não controla, mas ama. É incompatível a existência de um Deus controlador com a liberdade humana. Se Deus é bom e onipotente, e coisas ruins acontecem., então há aluo errado com esse pressuposto. Minha resposta é que Deus não está no controle. A favela, o córrego poluído, a tragédia, a guerra, não têm nada a ver com Deus. Concordo muito com Simone Weil, uma judia convertida ao catolicismo durante a Segunda Guerra Mundial, quando diz que o mundo só é possível pela ausência de Deus. Vivemos como se Deus não existisse, porque só assim nos tornamos cidadãos responsáveis, nos humanizamos, lutamos pela vida, pelo bem. A visão de Deus como um pai todo-poderoso, que vai me proteger, poupar, socorrer e abrir portas é infantilizadora da vida.
Mas os movimentos cristãos foram sempre na direção oposta.
Não necessariamente. Para alguns autores, a decadência do protestantismo na Europa não é, verdadeiramente, uma decadência, mas o cumprimento de seus objetivos: igrejas vazias e cidadãos cada vez mais cidadãos, mais preocupados com a questão dos direitos humanos, do bom trato da vida e do meio ambiente.
Fonte: Carta Capital/Libertos Opressor
Os evangélicos, diz Gondim, absorvem cada vez mais elementos do perfil religioso típico dos brasileiros, embora tendam a recrudescer em questões como o aborto e os direitos homossexuais.
Aos 57 anos, pastor há 34, Gondim é líder da Igreja Betesda e mestre em teologia pela Universidade Metodista. E tornou-se um dos mais populares críticos do mainstream evangélico, o que o transformou em alvo. “Sou o herege da vez”, diz na entrevista a seguir.
Carta Capital: Os evangélicos tiveram papel importante nas últimas eleições. O Brasil está se tornando um país mais influenciável pelo discurso desse movimento?
RG: Sim, mesmo porque, é notório o crescimento no número de evangélicos. Mas é importante fazer uma ponderação qualitativa. Quanto mais cresce, mais o movimento evangélico também se deixa influenciar. O rigor doutrinário e os valores típicos dos pequenos grupos de dispersam, e os evangélicos ficam mais próximos do perfil religioso típico do brasileiro.
CC: Como o senhor define esse perfil?
RG: Extremamente eclético e ecumênico. Pela primeira vez, temos evangélicos que pertencem também a comunidades católicas ou espíritas. Já se fala em um “evangelicalismo popular”, nos modelos do catolicismo popular, e em evangélicos não praticantes, o que não existia até pouco tempo atrás. O movimento cresce, mas perde força. E por isso tem de eleger alguns temas que lhe assegurem uma identidade. Nos Estados Unidos, a igreja se apega a três assuntos: aborto, homossexualidade e a influência islâmica no mundo. No Brasil, não é diferente. Existe um conservadorismo extremo nessas áreas, mas um relaxamento em outras. Há aberrações éticas enormes.
O senhor escreveu um artigo intitulado “Deus nos Livre de um Brasil Evangélico”. Por que um pastor evangélico afirma isso?
Porque esse projeto impõe não só a espiritualidade, mas toda a cultura, estética e cosmovisão do mundo evangélico, o que não é de nenhum modo desejável. Seria a talebanização do Brasil. Precisamos da diversidade cultural e religiosa. O movimento evangélico se expande com a proposta de ser a maioria, para poder cada vez mais definir o rumo das eleições e, quem sabe, escolher o presidente da República. Isso fica muito claro no projeto da igreja Universal. O objetivo de ter o pastor no Congresso, nas instâncias de poder, pode facilitara expansão da igreja. E, nesse sentido, o movimento é maquiavélico. Se é para salvar o Brasil da perdição, os fins justificam os meios.
O movimento americano é a grande inspiração para os evangélicos no Brasil?
O movimento brasileiro é filho direto do fundamentalismo norte-americano. Os Estados Unidos exportam seu american way of life de várias maneiras, e a igreja evangélica é uma das principais. As lideranças daqui Ieem basicamente os autores norte-americanos e neles buscam toda a sua espiritualidade, teologia e normatização comportamental. A igreja americana é pragmática, gerencial, o que é muito próprio daquela cultura. Funciona como uma agência prestadora de serviços religiosos. de cura, libertação, prosperidade financeira. Em um país como o Brasil, onde quase todos nascem católicos, a igreja evangélica precisa ser extremamente ágil, pragmática e oferecer resultados para se impor. É uma lógica individualista e antiética. Um ensino muito comum nas igrejas é de que Deus abre portas de emprego para os fiéis.
Eu ensino minha comunidade a se desvincular dessa linguagem. Nós nos revoltamos quando ouvimos que algum político abriu uma porta para o apadrinhado. Por que seria diferente com Deus?
O senhor afirma que a igreja evangélica brasileira está em decadência, mas o movimento continua a crescer.
Uma igreja que, para se sustentar, precisa de campanhas cada vez mais mirabolantes, um discurso cada vez mais histriônico e promessas cada vez mais absurdas está em decadência. Se para ter a sua adesão eu preciso apelar a valores cada vez mais primitivos e sensoriais e produzir o medo do mundo mágico, transcendental, então a minha mensagem está fragilizada.
Pode-se dizer o mesmo do movimento norte-americano?
Muitos dizem que sim, apesar dos números. Há um entusiasmo crescente dos mesmos, mas uma rejeição cada vez maior dos que estão de fora. Hoje, nos Estados Unidos, uma pessoa que não tenha sido criada no meio e que tenha um mínimo de senso crítico nunca vai se aproximar dessa igreja, associada ao Bush, à intolerância em todos os sentidos, ao Tea Party, à guerra.
O senhor é a favor da união civil entre homossexuais?
Sou a favor. O Brasil é uni país laico. Minhas convicções de fé não podem influenciar, tampouco atropelar o direito de outros. Temos de respeitar as necessidades e aspirações que surgem a partir de outra realidade social. A comunidade gay aspira por relacionamentos juridicamente estáveis. A nação tem de considerar essa demanda. E a igreja deve entender que nem todas as relações homossexuais são promíscuas. Tenho minhas posições contra a promiscuidade, que considero ruim para as relações humanas, mas isso não tem uma relação estreita com a homossexualidade ou heterossexualidade.
O senhor enfrenta muita oposição de seus pares?
Muita! Fui eleito o herege da vez. Entre outras coisas, porque advogo a tese de que a teologia de um Deus títere, controlador da história, não cabe mais. Pode ter cabido na era medieval, mas não hoje. O Deus em que creio não controla, mas ama. É incompatível a existência de um Deus controlador com a liberdade humana. Se Deus é bom e onipotente, e coisas ruins acontecem., então há aluo errado com esse pressuposto. Minha resposta é que Deus não está no controle. A favela, o córrego poluído, a tragédia, a guerra, não têm nada a ver com Deus. Concordo muito com Simone Weil, uma judia convertida ao catolicismo durante a Segunda Guerra Mundial, quando diz que o mundo só é possível pela ausência de Deus. Vivemos como se Deus não existisse, porque só assim nos tornamos cidadãos responsáveis, nos humanizamos, lutamos pela vida, pelo bem. A visão de Deus como um pai todo-poderoso, que vai me proteger, poupar, socorrer e abrir portas é infantilizadora da vida.
Mas os movimentos cristãos foram sempre na direção oposta.
Não necessariamente. Para alguns autores, a decadência do protestantismo na Europa não é, verdadeiramente, uma decadência, mas o cumprimento de seus objetivos: igrejas vazias e cidadãos cada vez mais cidadãos, mais preocupados com a questão dos direitos humanos, do bom trato da vida e do meio ambiente.
Fonte: Carta Capital/Libertos Opressor
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